Na insegurança dos seus sentimentos, eu me tornei uma leve brisa onde desejava ser um doce furacão.
Mas o que gostaria mesmo era me apaixonar intensamente, esvair em seus lábios, embriagar em seu cheiro e me perder em seus braços. Incendiar todo o nosso libido até as peles grudarem para então senti-las deslizarem em meio ao auge do tesão.
Ahhh… mas que vacilo você deu ao tentar amansar esse sentimento feroz que é o Amor.
No fastígio desse fastio cerebrino se abalroa veleidade orexia.
Uma hora,
duas horas,
três horas e onze minutos,
vinte e dois minutos,
trinta e três minutos… báratro…
dilúculo…
Do inverno misantrópico, o qual displicentemente desvanece desdenhada flor,
a primavera antropofóbica, que permeia os campos de aziagos ermos floridos.
Afogado em angústia pelos gritos de agonia,
este fardo onera a alma ao limiar da sandice.
Olhar perdido, inseguro, refém de um silêncio pueril.
Ansiedade ambígua, a causa desta angústia excessiva.
Desconfiança precavida, recatada, cheia de zelo suicida.
Clausura de pensamentos e grilhões de reflexões.
A paixão que rápido incendeia, inflama efêmera, se consome.
Em tempos de necessidades,
Rastejando de volta para você,
Insípido é o abraço difuso,
Que aplaina a alma.
Um copo meio vazio de empatia, um quarto de falta de sensibilidade e outro quarto de falta de emoção.
Sete vidas que não me pertencem concernem, uma dissociação apática de persistente porfiada despersonalização, unida coadunada a uma desrealização limítrofe atemporal.
Eu sou Solidão.
A Dor grita excruciante em meio ao silêncio absoluto, do outro lado do véu apenas a Solidão, apática, esta não escuta os ecos da sua agonia.
Ele dizia aos amigos que não se arrependeria, mas verdade seja dita, ele já sabia. Há muito se preparara para o que novamente aconteceria. E mesmo assim, tudo isso mais uma vez o surpreenderia.
Ela nasceu frágil, menininha de interior para casar, desde criança aprendeu o tricô e a cozinhar. Viveu sua infância através dos sonhos de seus ausentes pais, ainda pequena e indefesa, no quintal de casa construiu o seu primeiro castelo de areia e descobriu – desamparada – que com a chuva, ele desmoronava. E brincou de bonecas até muito tarde, as ganhou como sua própria cópia, uma mensagem indireta para aprender desde cedo a cuidar-se sozinha.
Ao passar de alguns anos – crescida – olhou-se ao espelho, e em meio ao desespero admirou a beleza que irradiava de muitas maneiras. Ela banhara-se através da tristeza de suas lágrimas e transformara-se em uma linda bonequinha de cristal, foi disso que aprendera a cuidar a vida inteira. E adquiriu uma arguta confiança, agora era a vez de tratar de você mesma.
As dificuldades e ocasiões a tornaram extremamente inteligente, não dependeria de mais nada para sobreviver. Mudou-se para a cidade grande e maravilhou-se assustadoramente entre os arranha-céus. Esta monstruosa miragem a iludiu, não aprendeu a tempo que em cidade grande o que importa é a esperteza, uma ardil astúcia que supera qualquer inteligência, e sua ingenuidade de menininha de interior perante tudo isso a traiu. Se ofuscando em seu próprio brilho, ela ergueu todos os seus sonhos como castelos de areia. Agora a chuva voltou…
Inconscientemente insisto em reviver uma experiência passada que antes parecia-me completamente impossível.
Atualmente, eu aprendo com meus erros de forma custosa e árdua, a obliterar um pouco do meu orgulho vaidoso e arredio. Confronto pesarosamente nas paredes dos olhos daquela que me admira, o reflexo de uma reprodução atenuada dos erros que cometo. Onde a pior dor neste breve intervalo não é de forma alguma subjugar a este orgulho, mas ao me afastar por sua causa, perder aos poucos a quem amo.
Por isso, permito-me amá-la um pouco mais a cada dia, de modos diferentes e casuais através de todos os nossos momentos. E assim, compartilhar o que antes apenas me pertencia da maneira mais egoísta, meus sentimentos.
Não há mais palavras que me aprisionarão. As pessoas muitas vezes não me conhecem, mas também não fazem a mínima questão. Acreditam piamente que a sua liberdade é a livre expressão, onde vivem seus pontos de vista mesquinhos – imaturos – não dando o devido valor as experiências que adquirem. Fazem do medo sua fortaleza e erguem suas inseguranças como lanças à guerra iminente. Corroem como ácido minha boa vontade, minam minhas condutas e debocham das minhas virtudes. Cobram das minhas atitudes uma reciprocidade a qual não compartilham com ninguém, nem elas mesmas.
Doar-me-ei por inteiro a quem se doar. Uma premissa sem a barreira das palavras tão almejadas que nunca fizeram jus aos meus verdadeiros sentimentos. Que a partir de agora, apenas sejam necessários compartilhar o olhar e o sentir, que isso basta para mutuamente nos compreendermos.
Enquanto perdida em vastos sonhos, você dorme serena entre meus braços, sacio-me ferozmente do luxo destes seus sorrisos silenciosos que se tornam sinceros e refinados.
Lembro quando ainda muito criança, ingênuo, sentado à mesa em mogno com sua toalha xadrez branca e vermelha do café da manhã – entre o espaço da manteiga ao pão – sonhava o pequeno menino aspirante à astronauta.
Do seu lado aquela mulher, vigorosa dona-de-casa, ao fogão cor de terra-seca aquecia a leiteira que espumava como bolhas de sabão e pelas bordas se derramava. Também assoprava cuidadosamente a caneca afim de esfriar o que antes fora muito quente. E com as mãos calejadas pelo tempo cortava-lhe precisamente, após tantos anos de prática, todos os dias o mesmo tamanho de pedaço de bolo de cenoura com cobertura açucarada. Ao término sempre sorria-lhe afavelmente, com a aparência ainda sobrecarregada das longas noites em claro em sua frágil presença.
E mesmo depois que o passado a muito roubou tão dolorosamente o que ao presente e futuro pertencia. Agora em gratidão, já menino crescido, não me esqueço de sempre retribuir-lhe com sorrisos repletos de saudades, momentos como este para sempre inesquecíveis.
Na vida cada dia uma ida, da rua ao cruzamento mitiga ao pedinte a mesma mão que o acaricia, pois o que já foi dá-se a este o nome ao boi.
Como bom brasileiro, não desisto nunca, requebro na raiz o samba. Malandro do dia-a-dia, visto minha máscara e também a fantasia.
Penso nela como o dia o amanhã, da têmpora queima a febre estes desejos à agonia, com a certeza que a amaria salvo-guardo as exceções.
Admiro-a no vazio do olhar sujeito a perdição, d’alma os grilhões deste não-amor, a ânsia de ser e não poder estar.
Angustia que vivifica a dor e alimenta da esperança o abandono ao que a ela sobremaneira já pertence.
Minha vida é uma evidência anedótica, uma falha lógica cheia de indicações casuais. Descrita por observadores – diria Freud – através de chistes tendenciosos. Sou uma ironia para os bárbaros que transgridem amoral e violentamente o verdadeiro significado do cinismo. E que como Diógenes, apenas desejo que estas pessoas se afastem do meu Sol.
Solidão que se faz necessária em diversos momentos. Já se passaram alguns anos, talvez alguns meses, ou até mesmo alguns dias em sua companhia. Os sentimentos já não a distinguem mais como outrora, sensações recalcadas de conformismo itinerante ou uma aptidão excedida em eventualidades passadas. O tempo não pára, pelo contrário, perante exigências e necessidades das situações se demonstra eficaz e valoroso em seus subterfúgios.
Lembranças se chocam com a realidade, como ondas de rejeições ao tempestuoso mar. Sonhos desvanecem, dissipam, e evaporam sob a luz da razão. Este raciocínio conduz à indução lógica visando à determinação do que é verdadeiro ou não, faz perecer a alma compassiva em tempos remotos, desmistificando-a sob as frias imparcialidades do entendimento.
A vida sofre suas mutações, os olhares se alteram e os sorrisos se resguardam receosos. O coração passa a marcar os mesmos compassos, silenciosos e fatigados. O amor torna-se um mito, um tabu inquestionável pela cadência da rotina conservadora. E o costume dita a maneira usual de fazer ou de agir rumo ao desconhecido.
Uma biogafia, um biografema, uma história, uma estória, um conto, uma lenda, uma ilusão, uma fantasia ou uma vida. Em que momento a realidade deixou de existir, e os fragmentos pela a qual escapa magistralmente, os sonhos tomaram todo o seu lugar?
Entre alegrias e tristezas, sorrisos e lágrimas, afetos e desencantos, estas restrições com limites sobre-humanos. Barreiras de sanidade que acorrentam loucuras e sobrepujam à alma, natureza inverossímil apta a exasperar fortes desesperos e mitigar boas virtudes ao espírito. Show de espetáculos sem platéia fiel, peça teatral sem grande final, um artista preso a própria representação em meio ao infinito quebra-cabeças de fatos que transformam-se em ficções.
Sonhos que almejam uma nova realidade ainda surreal, ou pelo menos um rascunho de sua utopia, quimera entre diversos desejos que se perderam no passado de doces ilusões. Pensamentos nocivos, intimamente acalentados e que buscam insessantemente idealizações, excelências ou perfeições dentro de um ciclo vicioso, doentil e solitário de um eterno querer se realizar.
Neste grande e incompleto quebra-cabeça de emoções, os sentimentos são as peças ainda em construção, e o sentir é perceber todo este processo. Onde cada um deve moldar o seu próprio, indiferente de interferências. Pois mais bela é a obra autoral do que seu plágio.
Martiriza-me o vazio, tão distante e frio é este olhar perdido em meio a multidão, a solidão tornou-se embriagante. Um sonhador que destruiu seus sonhos, abandonou o coração em alguma sarjeta qualquer de sua imaginação, e deixou migalhas d´alma como resquícios e indícios de uma história de amor. Pois se novamente estiver preparado para amar, estas migalhas haverão de levar-me a um coração transformado.
Vejo que há flores lançadas ao chão neste acanhado local de comícios com prerrogativas religiosas. Sob os pés fatigados dAquele ao alto pelo qual o estipêndio de uma promessa trilham caminhos de vidas, o altar se irradia causando uma falsa expectativa de presença sobre-humana.
O ícone do paraíso impraticável, um pensamento efêmero sublinha minha imaginação e, se choca com o medo do inferno casual. Neste momento a razão subjuga a fé, pois nunca testificarei um compromisso com quem mutuamente ignoro a presença.
Coração aos corvos, alguém há de querer as migalhas deste amor.
Esta solidão não impõe limites em perseguir como outrora,
ouço ao longe um lamento de coração ainda cedo torturado,
prantos de um amor de cristal estilhaçado ao inócuo chão.
Inacessível, inadaptável, inadequado, incógnito, incompatível, incompreensível, indemonstrável, inderteminado, indisponível, indomável, inesperado, inexato.
Divago, não existo, mas tudo quero. Vida sem rumo, destino incerto, largado por aí, vivendo boemia. Baco em noites paulistanas, pensamentos inusitados, desejos não ortodoxos, eterno fanfarrão. Entre Augusta, doce cortesã, e a Roosevelt. Vejo fantasmas, dançarinos, piratas, barmans. Vivencio espetáculos, mergulho entre livros, ouço boa música, diversas batidas, muitas bebidas, nenhum pé ao chão.
Um brinde a derivação do sadismo e ao falso moralismo dos personagens fictícios.
Interator das memórias e sentimentos.
Ofereço uma carona sem destino.
Não uma passagem ao paraíso ou viagens de volta ao passado.
Poucos sabem viver uma nova aventura sob o encantador olhar dos mistérios da vida.
Sabe por onde começar? Eu diria em um primeiro momento:
– Pela intuição.
Espectador do Mundo.
Noites insones, insanas, insólitas.
Existe um momento em que a nostalgia segue a linha do tempo,
onde “Amor Além da Vida” deveria ser apenas um filme.
Um Monet com suas paixões e vastos jardins cheios de vida,
o qual a luz não deixa de captar o que os olhos não veêm.
Decifra-me ou te devoro:
Pequeno universo em inanição,
Uma única máscara da ilusão.
Aquém sentimentos não transpõe,
Estes falsos sorrisos que dispõe.
Sou escravo do conhecimento, da sabedoria e dos valores…
…e nada sei.
Um paraíso, meu paraíso, paraíso de poucos…
…mykonos, pequena veneza.
O destino do tolo é viver do passado.
Planto sonhos e semeio ilusões.
Certas músicas só são reconhecidas por ouvidos preparados,
E a mesma coisa acontece com os sentimentos.
A perfeição nada mais é do que o ópio do sonhador…
Não a sinto mais, usurpadora do amor
Não encontro em ti felicidade d’outrora
Deste futuro que me foi cedo roubado
Guardo apenas a doce lembrança passageira
Dos teus sorrisos agora enfim apagados.
Concretizado está o sonho em realidade, amiga fiel,
nenhuma voz, gesto ou percepção.
O coração se aquieta perante devasso silêncio,
contemplo devaneios, almejo…
…aquém, além, mais ninguém.
Já sei que tudo o que passou não voltará mais,
O tempo deixou para trás.
Sei que não retornará o que nos aconteceu,
E que não se repetirá jamais.
Isso não tornam as coisas mais fáceis,
Nem as lembranças menos dolorosas.
Apenas lamento incansavelmente,
Odiar um dia tê-la amado tanto.
Velhos hábitos que não se alteram
Vícios tragados pelo tempo incólume
Heróica insônia que perdura as noites
Olhares que se perdem ao horizonte
E pensamentos que ultrapassam barreiras
Queria eu dizer sobre este amor
Antes de gritar esta imensa dor
Viver o estupor, morrer indolor
Olhar teus lindos olhos morenos
Experimentar os beijos molhados
Sentir as frias mãos congelando
Por esta nossa paixão aflorando
Conto horas em minutos passados
Os carros nos trânsitos parados
Os grãos de areias enfileirados
A Lua e imensos céus estrelados
Queria eu dizer sobre este amor
Antes de gritar esta imensa dor
Morrer o estupor, viver indolor
Tu te glorias em meu anseio de viver por este amor, anjo de quimera que desfalece meu coração em profundas cicatrizes de paixão, infindas são as tuas benévolas pragas a esta predileção do insaciável amor. Tu carregas contigo o doce aroma da utopia romântica, devorador d´alma imaculada em puros sonhos ainda infanto-juvenis, dilacera-me com toda sua compaixão e sensibilidade, adoece-me no mais profundo sentimento de idolatria a ti próprio, as enfermidades do teu amor transbordam em meu leito de morte.
Tu te alegras agora em nosso impetuoso e veemente amor, anjo caído que deixaste as tuas asas aos meus cuidados para que as guardassem enquanto nosso amor durar. E para que deste amor nunca pudesse escapar em segredo as queimei para que estes momentos se tornem eternos, e de hoje em diante estejamos selados a sermos uma só carne, uma só alma, um só espírito e um único amor para nos guiar pelas veredas do destino.
Proveitosa / Preguiça / Parturejada / Peregrina / Patriarca / Postergada / Presumida / Peste /Perecida
Virem-se e mirem as sanguinárias noites escarlates
Embriaguem-se mortais das noites carnavalescas
Quando matam, se alegram
Gritam com furor,
Se saciam
Virem-se e mirem as sanguinárias noites escarlates
Lamentem-se mães pelas noites celestiais
Quando choram, sozinhas
Os filhos arrancados,
mortos, despedaçados
Virem-se e mirem as sanguinárias noites escarlates
Virem-se e não as vejam, se abstenham
Cegos, surdos, mudos
Indolentes, apáticos
Virem-se e mirem as sanguinárias noites escarlates
Mirem, puxem, atirem
Sanguinárias, escarlates
Noites
Murmura o mar,
mítica melodia.
Junto a brisa,
suave sinfonia.
Os beijos molhados
destes sentimentos
roubados.
As profundas dores
de um coração
desgastado.
Sob o frio olhar
desta lua
minguante.
Eis que tu ressurge nostálgica em meio à alegres lembranças. As tormentas e os invernos passados não foram suficientemente fortes e eficazes para esquecer o que foi construído com tamanho amor e dedicação. Para salvar meu caráter te entreguei a morte perante meu egoísmo, mas esta sobre ti não surtiu efeito algum, pois esse coração que ainda te ama não se esqueceu das suas promessas. E a essas cumpre eternamente os desejos deste coração que almeja a tua completa felicidade.
Vivo o recomeço do fim e vejo vida na grande devastação. O amor se compadece do sofrimento e gera a confiança necessária para a reconstrução. Os conhecimentos adquiridos anteriormente ao fatídico acontecimento serão a base deste novo mundo, onde serão empregados para o melhoramento e evolução. A aprendizagem será essencial para este desenvolvimento.
Não haverão fronteras que delimitem tal Universo, o destino é incerto. Este futuro que faz querer viver intensamente cada momento, onde o amanhã não exista mais e o hoje seja eterno.
A vida nada mais é do que o eterno aprendizado do conhecimento a si próprio, aquele que por ventura está convicto que se conhece por inteiro, este já morreu. E aquele que é capaz de sorrir ao se deparar com um obstáculo, este vai muito além. Pois nada é mais recompensador do que a vitória em qualquer âmbito ou contexto pessoal.
Os valores atribuídos a tudo, não necessariamente objetos de desejo material, mas principalmente os espirituais e sentimentais, são dados de acordo com a falta que os mesmo te fariam. Por isso, feliz aquele que sabe fazer boa medida do que possui. É no dia de hoje, que o pouco se tornou muito, e o muito se tornou imensurável.